quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Comunicado de Grande Indignação

A Direcção da Escola da Malandragem quer manifestar a sua profunda indignação pelo arquivamento da queixa de Sua Excelência o Senhor Primeiro Ministro ENGENHEIRO José Sócrates, contra o cidadão António Balbino Caldeira. Diríamos mesmo que isto mais parece uma grande caldeirada de injustiça. Apesar de continuarmos a manter confiança na Justiça, não podemos deixar de lamentar esta situação. Até parece uma malandrice. Acaba de se abrir em Portugal um precedente que pode assumir foros de grande gravidade. Depois do arquivamento, o cidadão António Balbino Caldeira pode sentir-se confortavelmente à vontade para manifestações de desagrado para com Sua Excelência o Senhor Primeiro Ministro ENGENHEIRO José Sócrates, afirmando, nomeadamente, o seguinte:

1 – Que o cocó de Sua Excelência o Senhor Primeiro Ministro ENGENHEIRO José Sócrates cheira tão mal como o cocó dele.
2 – Que os sapatos Prada de Sua Excelência o Senhor Primeiro Ministro ENGENHEIRO José Sócrates, foram comprado na Feira de Carcavelos a um grande comerciante da contrafacção.
3 – Que Sua Excelência o Senhor Primeiro Ministro ENGENHEIRO José Sócrates não domina o Inglês Técnico e tem dúvidas no Francês Clássico.
4 – Que Sua Excelência o Senhor Primeiro Ministro ENGENHEIRO José Sócrates faz xixi sentado na sanita para não acertar fora da mesma e para as últimas pingas não caírem no chão.
5 – Que Sua Excelência o Senhor Primeiro Ministro ENGENHEIRO José Sócrates convidou descontraidamente para uma reuniãozita na Expo os líderes africanos Robert Mugabe e Mouammar Kadafhi e que permitiu ao último a prática de campismo selvagem junto a um monumento nacional.

Ou seja, a partir desta decisão da Justiça portuguesa de arquivar a queixa de Sua Excelência o Senhor Primeiro Ministro ENGENHEIRO José Sócrates, o cidadão António Balbino Caldeira vai sentir-se com o rei na barriga e julgará que pode dizer todas estas coisas para além de outras.
Espero que ele não cometa a veleidade de, no limite do intolerável, afirmar que Sua Excelência o Senhor Primeiro Ministro ENGENHEIRO José Sócrates fez promessas que não cumpriu, mandou a PSP fazer uma vistoria à sede de um sindicato ou que teve alguma influência na eleição da administração de um banco privado no nosso país.
Depois disto, eu, Almerindo Raspelho, já acredito em tudo.

Toda a malandrice tem sempre uma moeda de troca


Um novo aeroporto não é uma obra qualquer. É um pouco mais complicado do que construir uma rotunda ou um chafariz na praça central de uma terreola.
Por isso quando se diz que o aeroporto vai para ali e depois vai para além, é preciso dar uma moedinha em troca aos de ali que pensavam vir a ter o aeroporto à porta de casa, o mesmo é dizer ao dobrar da rua.
Por isso a direcção da Escola de Malandragem saúda e aplaude o esforço muito significativo do Governo na pessoa do Senhor Ministro Mário Lino, que esteve reunido hoje com os autarcas do Oeste no sentido de lhes dar um chupa-chups pelo facto de já não poderem ir às compras ao free-shop (versão moderna do passeios dos tristes ao centro comerciais nos domingos à tarde) ou puderem simplesmente ir em bando ver os aviões a aterrar.
Quem vai pagar o chupa-chups são todos os portugueses, como não podia deixar de ser. O que me leva a pensar que Mondim de Basto, Mirandela, Almeida, Sertã, Manteigas, Nisa, Moura, Reguengos de Monsaraz, Almodôvar ou Alcoutim, tiveram azar de não ter disputado com a Ota e Alcochete a localização do novo aeroporto. Paciência, não é possível para este ou outro Governo defender com unhas e dentes, até ficarem provadas as evidências, a localização de vários aeroportos nos locais mais disparatados. Foi a Ota como podia ter sido Monforte.
Estão de parabéns as populações e os autarcas do chamado Oeste por duas razões:
A primeira por terem tido a delicadeza de não correr aos tiros o Senhor Ministro Mário Lino na reunião tida esta tarde.
A segunda por terem conseguido manter a ideia, até ser por demais óbvia a melhor solução, que a Ota podia um dia ter um aeroporto do nível dos melhores que há no mundo e não um de características africanas ou latino-americano.

As juventudes partidárias são muito importantes

Durante os cursos de Malandragem que leccionamos no nosso prestigiado estabelecimento de ensino, os nossos alunos frequentam as juventudes partidárias onde podem não só colocar em prática boa parte dos conhecimentos alcançados nas aulas, como também conseguem desenvolver novos conhecimentos na área da malandrice que como é sabido é demasiado vasta e exigente.
Nas juventudes partidárias os nossos alunos desenvolvem, nomeadamente, as seguintes valência:

1 - Aprende a entalar o próximo antes que ele te entale a ti.
É muito usual nas juventudes partidárias a apetência pela disputa dita salutar. É um conceito que vai ser muito útil ao longo da vida, nomeadamente quando passarem ao escalão sénior e tiverem de disputar, cada oportunidade. O segredo está em manter atenção à entrada de novos militantes que possam fazer-nos sombra. Tipo bons alunos ou jovens de grande integridade moral com expressão verbal fluente e boa imagem física. Antes que eles tenham a veleidade de dizer alguma coisa, devem ser silenciados para que ninguém os ouça e fique com a ideia que fazem falta. Ou seja, há que entalá-los.

2 – Agarra o tacho antes que ferva e deite por fora.
Um tacho é um tacho. Ou se agarra ou se larga. No início qualquer um serve, até uma assessoria do assessor do Adjunto do Sub-Secretário de Estado. Com o passar do tempo a coisa melhora e o tacho, com jeito, passa a panela de pressão e no fim consegue-se agarrar a Bimby.

3 – Actuar em rede e com sentido colectivo.
As juventudes partidárias são compostas por jovens. Vários. Quem tem olho regimenta um número considerável de miúdos e miúdas que dão muito jeito como mão-de-obra barata nas campanhas eleitorais. A ideia é fazer um figurão. Alguém lidera a tropa e mostra quem manda na caserna.

4 – Um ucraniano não faria melhor.
Na sequência do ponto anterior, mas aprofundando mais a ideia, as campanhas eleitorais são momentos de grande esforço colectivo. Alguém tem de mandar. Outros têm de obedecer. É preciso ter quem grite o nome do líder com convicção nos comícios, mesmo que seja Pedro Santana Lopes. É preciso ter quem agite bandeiras como fazem os Super Dragões. É preciso ter quem faça barulho nas ruas nas passeatas dos candidatos, com a mesma sonoridade das peixeiras do Bulhão. É preciso ter quem vista roupas ridículas com os símbolos do partido, parecidas às da Fátima Lopes. Enfim, trabalho não falta.

5 – Debate de ideias mesmo que seja em teoria.
As juventudes partidárias são férteis em ideias. E debatem-nas com profundidade. Por exemplo:
- É necessário debater a roupa que fica bem a um militante jovem quando vai à discoteca da moda.
- É preciso debater e demonstrar que não é estritamente necessário saber escrever português correctamente, para se desempenhar funções num Gabinete de Imprensa de um ministério ou autarquia.
- É preciso debater se um rally das tascas vai mais ao encontro das expectativas dos jovens do que uma sessão de esclarecimento sobre o aquecimento global.
- É preciso debater estratégias no sentido de abafar algum militante que tenha a mania de ser bom aluno, passar o tempo a estudar e tenha da política uma perspectiva de serviço público.
- É preciso debater que carro de serviço e que modelo de telemóvel configuram o cargo de assessor do assessor que se preparam para desempenhar.

Como podem observar, é muito interessante e profícua a frequência de uma juventude partidária. É uma espécie de incubadora de malandragem topo de gama. Quem tem ambições na política e não faz um estágio numa juventude partidária, não chega lá.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Uma política de Saúde com a qual concordamos


Há muita gente indignada com a política seguida pelo Senhor Ministro da Saúde, Professor Correia de Campos. Esta indignação revela ignorância. Na nossa Escola ensinamos aos nossos alunos uma teoria ancestral a qual está na base da política para a Saúde deste Governo. É a teoria “Para grandes males grandes remédios”. Explico melhor. A única forma que existe para resolver um problema é acabar com ele. As urgências hospitalares são hoje um problema de finanças públicas. As pessoas adoecem, caem, partem pernas e braços, têm AVCs, congestões, viroses, gripes e anginas mais vezes do que seria contabilisticamente aceitável. Como tal é preciso cortar o mal pela raiz. Como? Encerrando urgências. Se elas forem cada vez menos, as pessoas vão acabar por se habituar à ideia e das duas uma: ou tomam mais cuidado ou resolvem o problema em casa. Afinal de contas um estojo de primeiros socorros não é assim tão caro. Podem também comprar um daqueles sprays milagrosos que colocam nas canelas dos jogadores de futebol e que os cura das mazelas provocadas pelos adversários em fracções de segundos.
Apesar de não ter sido nosso discente ou docente, o Senhor Ministro da Saúde está devidamente certificado e apoiado pela Escola de Malandragem na sua prática política, que é totalmente acertada, conforme consta dos nossos conteúdos pedagógicos.


Apresentação

O meu nome é Almerindo Raspelho e sou o Director da Escola de Malandragem.
Esta não é uma escola igual às outras. Nesta, os alunos quando terminam os cursos sabem fazer pelo menos uma coisa.
Pelos corredores e salas deste estabelecimento de ensino só circulam alunos com capacidades acima da média para a malandrice. Por isso não é qualquer um que tem o privilégio de ser admitido. É preciso provar que tem condições para frequentar os nossos cursos.
Ensinamos Inglês Técnico que, como é sabido, é fundamental para a boa prática da malandrice, na medida em que não há fronteiras que a contenha. A comunicação é um factor essencial para um bom malandro. Os exames são muito rigorosos. Tão rigorosos que permitimos que os alunos possam fazê-los em casa, enviando-os posteriormente por correspondência. Porquê? Porque é no sossego do lar que o aluno consegue concentrar-se para responder com acerto e sabedoria às questões colocadas.
Com o canudo debaixo do braço, os nossos alunos partem à descoberta deste admirável país à beira mar plantado. Alguns emigram ou ausentam-se do país quando esgotam as malandrices todas que aprenderam na escola. Sim, nós temos no nosso plano curricular uma cadeira que é Técnicas de Fuga para a América Latina que tem sido de grande utilidade.
Grande parte dos nossos formandos vai para a política. Outra vai para os clubes de futebol. Alguns dedicam-se aos negócios. Uma parte à advocacia. Outros à medicina para gordos. Também ao jornalismo. Nas administrações dos baços e muito especialmente dos seguros. Nos sindicatos temos um número muito razoável. E, como não podia deixar de ser, na docência. Alguém tem de formar os novos alunos. E, como não podia deixar de ser, temos também alguns dos nossos licenciados nessa nobre profissão de taxista no Aeroporto de Lisboa.
Nos mais variados sectores da vida económica e social do nosso país, há ex-alunos nossos que terminaram a sua formação com esmero e estão a exercer com grande sucesso.
Os nossos alunos são um grande motivo de orgulho. Somos a única escola que não tem nenhum dos seus diplomados no desemprego. Bem sei que neste país há condições favoráveis para a malandrice. Também sei que há muitos exemplos a seguir e por isso a vida fica facilitada. Ainda assim, tem havido cada vez mais concorrência.
Apesar dos nossos continuados avisos, o Ministério da Educação tem revelado alguma dificuldade em conter a proliferação de escolas que não estão devidamente habilitadas para este tipo de ensino. Bem sei que depois do encerramento da Universidade Independente a formação académica nesta área do conhecimento ficou algo debilitada. Mas temos esperança que o governo esteja atento a isto e seja capaz de tomar medidas no sentido de mantermos o nível de formação bem alto, com os resultados que são conhecidos. Compreenderão que não sendo o governo, mais ninguém o fará com semelhante capacidade.
Pois bem, espero que tenham entendido os propósitos da nossa escola. Mas à frente teremos a oportunidade de mostrar exemplos práticos do nosso trabalho. Podem esperar deste vosso Director a frontalidade necessária para distinguir a boa da má malandrice.
Bons Sucessos para os novos alunos. Podem contar com a dedicação da Direcção da Escola.

sábado, 19 de janeiro de 2008

Início das Aulas

Está aberto o ano lectivo.